BlogBlogs.Com.Br

Pro Evolution Soccer 2011

|

“Desandou a maionese!” Novo PES tem vários atributos... E problemas

Ano passado o Flamengo foi campeão brasileiro, já em 2010 as coisas estão complicadas para o rubro-negro carioca. No futebol, a única constante é a inconstância, lei que se aplica até mesmo quando o esporte é virtual.

Por anos, a série Pro Evolution Soccer (ou Wining Eleven) dominou o mundo do futebol digital, mas desde o advento da sétima geração de consoles as coisas começaram a mudar.

O que seria o início de grandes melhorias se transformou em repetições pouco inspiradas e uma perda considerável de território para o seu grande rival (FIFA). A subjetividade não permite comparações diretas (afinal, gosto não se discute), porém, o salto de qualidade da franquia FIFA e a aparente estagnação de Pro Evolution Soccer são inegáveis.

Correndo atrás do prejuízo, a Konami promove grandes mudanças na estrutura da franquia, apostando em um ritmo cadenciado e um clima mais realista — deixando o estilo arcade de lado e encarando a série FIFA de frente no campo da simulação.


Mas será que os fãs de Pro Evolution Soccer realmente querem um simulador

A liga dos campeões

A Master League é sem sombra de dúvida o principal modo de jogo da franquia Pro Evolution Soccer. Gerir vários aspectos do seu clube favorito, ou criar o seu próprio time (com Castolo, Ximelez e companhia), sempre rendeu boas horas de jogo.

Com a aquisição da licença oficial da UEFA Champions League, a linha Pro Evolution ganhou uma nova modalidade de jogo — com direito a nomes, atributos e estatísticas reais de clubes e jogadores participantes da competição.

Agora é a vez da nossa Copa Santander Libertadores da América. Quem acompanha o Baixaki Jogos já estava sabendo, PES 2011 traz a licença oficial da Libertadores. Isso significa que agora o Corinthians tem alguma chance de faturar o desejado “caneco” continental.

Brincadeiras a parte, a utilização das duas competições como modos de jogo é interessante — mesmo que a abordagem de ambas seja semelhante, resumindo-se a reprodução virtual dos torneios.

O que realmente importa é a possibilidade de participar da principal competição internacional entre clubes da América, o que também significa a possibilidade de jogar com 40 equipes latinas que normalmente não aparecem no elenco de Pro Evolution — incluindo os representantes brasileiros (Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Flamengo e Internacional).

De volta à Master League, a renomada modalidade de jogo da série ganha novos contornos e passa a oferecer suporte para disputas online. Certamente uma das melhores e mais pedidas funcionalidades da franquia.

Seguindo a lição ensinada pela linha FIFA, a Konami introduz a possibilidade de disputar o campeonato contra outros jogadores. Basicamente é o mesmo esquema, porém as partidas podem ser jogadas no sistema multiplayer online.

Boleiros

Apostando forte no quesito online, a Konami também adicionou um serviço de gestão de comunidades dentro do próprio jogo. Por meio dele, você poderá convidar seus amigos para participar de grupos, ou seriam “clubes”, e a partir destes organizar partidas e até mesmo campeonatos.

Tudo com um detalhado registro de estatísticas que permitem análises profundas do desempenho de cada jogador cadastrado na sua comunidade. Trata-se de uma ferramenta muito inteligente, que adiciona muito ao modo online de PES 2011.

Tornando “oficial”

Outro aspecto tradicional da série é o eficiente sistema de edição de equipes. Ciente das limitações da franquia em relação ao licenciamento dos clubes e jogadores, a Konami sempre deixou aberta a possibilidade de personalizar todas as equipes e atletas virtuais presentes no jogo.

Assim, Man Blue podia ser facilmente transformado em Manchester City, o Castolo podia virar Ronaldinho e assim por diante. Desta vez o sistema retorna quase que inalterado, porém as poucas adições são muito bem-vindas.

Entre as novidades, está o editor de estádios e vários conteúdos extras que podem ser desbloqueados ao longo do jogo. Você deve faturar pontos em suas partidas para poder adquirir itens como lances de arquibancada, banco de reservas e outros itens de construção do estádio.

O mesmo sistema também se aplica a equipamentos e peças de personalização dos jogadores, incluindo “cabeças” para o seu craque virtual, chuteiras, bolas e outros equipamentos oficiais de grandes marcas como Nike e Adidas.

A planilha do Joel
A apresentação geral do jogo e a interface do editor tático das equipes estão muito mais belas e acessíveis. Agora até aqueles que não têm intimidade com organização estratégica futebolística não terão problemas para armar esquemas, basta arrastar e largar (drag and drop).

Na mesma linha, temos a tela de partida. Assumindo um visual mais “limpo” o jogo abandona o visual tradicional e aposta em informações tópicas condensadas em barras estrategicamente posicionadas sobre os próprios atletas virtuais.

Agora você pode ter o nome, o indicador de vigor e a barra de potência dos chutes e passes diretamente na tela — sendo que todos os mostradores podem ser ativados ou desativados, nas opções de vídeo.

Gol de placa

Os visuais de Pro Evolution Soccer 2011 são controversos. Apesar de não agradarem muito no quesito estético, as melhorias gráficas são incontestáveis. A mudança de engine incrementou consideravelmente as animações, o sistema de iluminação e até os efeitos climáticos.

A Konami apostou no realismo e mesmo estando muito atrás dos gráficos de FIFA 11, é de se notar o esforço dos desenvolvedores e a superioridade técnica em relação às edições passadas da franquia. Os detalhes também não passaram despercebidos, em PES 2011 até os auxiliares de arbitragem (o popular bandeirinha) receberam atenção especial e agora contam animações próprias.

Olho no lance!

Todos esses atributos não passam de perfumaria. Na verdade o grande atributo de Pro Evolution Soccer 2011 é exclusivo da versão brasileira do jogo. A narração do genial Silvio Luis e os comentários bem humorados de Mauro Beting conferem um toque todo especial ao título.

Os bordões de Silvio que marcaram a história das transmissões esportivas brasileiras estão todos reproduzidos dentro do jogo. O carisma inegável do narrador e seu espírito cômico garantem diversão mesmo no zero a zero mais enfadonho.

O melhor de tudo é que não se trata apenas de uma narração em português com a voz de Sílvio Luiz, trata-se de um trabalho bem feito. Os diálogos são variados e realmente passam a impressão de que estamos acompanhando uma transmissão esportiva.

Além disso, a presença de Sílvio, Beting e da licença oficial da Libertadores da América denotam uma atenção especial da Konami que se mostra interessada no mercado latino, especialmente nos jogadores brasileiros. Quem sabe na próxima edição já não possamos contar com mais clubes brasileiros, ou até mesmo a licença do Brasileirão.

Cadê os times?
Um ponto negativo é a restrição quanto à seleção de times para as partidas rápidas. Aparentemente, por questões de licenciamento, as equipes da Libertadores só podem ser utilizadas dentro do modo Libertadores da América — que também oferece suporte multiplayer local.

Assim, você não pode armar uma partida histórica entre Real Madrid e São Paulo, ou Barcelona e Cruzeiro e assim por diante. No menu de partidas rápidas as únicas equipes latino-americanas disponíveis são o Internacional, Boca Juniors e River Plate — lembrando que os escretes argentinos sequer participam da Libertadores.

P... P... Passa a bola

A introdução de novas funcionalidades online — principalmente a Master League online — mostra que a Konami finalmente entendeu qual é o futuro do gênero, todavia o título ainda sofre com o lag.

Na pratica, se comparada às edições anteriores, o problema está muito reduzido e não compromete tanto quanto no passado. Todavia, o lag ainda está presente e de fato prejudica muito a jogabilidade online.

Velocidade!

Poucas equipes realmente conseguem surpreender os adversários com toques cadenciados, afinal nem todos podem ser o Barcelona. A maioria dos time do mundo apostam na velocidade, contra-ataques rápidos e certeiros pegam os oponentes desprevenidos, não dando a menor chance de reação.

A primeira impressão que você terá quando começar a jogar Pro Evolution Soccer 2011 é a de que o jogo é extremamente lento. É verdade que a impressão não é de toda verdadeira, mas a sensação permanecerá independente dos times que estão em campo.

A Konami admitiu que preferiu desacelerar o ritmo de PES, entretanto, a anarquia arcade era uma das tônicas da série. A correria e os dribles inconsequentes eram a marca registrada da série que, por sua vez, produzia algumas incoerências: quem nunca substitui um atacante lerdo por um zaqueiro velocista?

Portanto, a mudança de ritmo prejudica o jogo, mesmo porque está realmente lento — ao ponto da própria Konami disponibilizar um sistema para que o jogador “acelere” a velocidade de jogo.

O que até soa como a solução é um embuste, pois apenas acelera o ambiente de jogo — como pressionar a tecla FastFoward (FF) do reprodutor de vídeo: apesar da visualização acelerada o filme continua lento.

“A física não permite.”

A física da bola é extremamente irregular. A verdade é que a franquia tentou enveradar pela senda do realismo e não teve muito sucesso. A ideia é boa, e pela primeira vez observamos a pelota como um objeto distinto dentro de campo — anteriormente a bola parecia magneticamente atraída ao pé dos jogaodres —, mas a execução deixa a desejar.

Burro! Burro! Burro!

O hino acima é nomalmente entoado em homenagem aos treinadores, mas em PES 2011 ele se aplica a todos em campo. A inteligência artifical pode ter recebido alguma melhorias em relação à edição passada, mas ainda deixa muito a desejar.

Os goleiros flutuam entre a genialidade e a imbecilidade, enquanto os jogadores de linha parece não saber qual é o seu posicionamento em campo. Zaqueiros que não marcam, meias e atacantes que não avançam e atacantes que insistem em permanecer em posição de impedimento são pontos recorrentes.

O que mais irrita é sem sombra de dúvida os passes. A física da bola já torna a tarefa relativamente desafiadora e quando você consegue ajustar força e angulo do passe, ainda temos que contar com a sorte para que a bola seja interceptada pelo jogador escolhido de fato.

Em mais de uma ocasição, passamos a bola na direção de um atacante em boa posição, porém quem interceptou a bola foi um segundo jogador que veio de trás. O pior de tudo é que, na maioria das vezes em que esta situação se apresentava, o atacante permanecia no mesmo lugar apenas observando o lance e não se deslocava para oferecer uma nova opção ofensiva.

Melhor, mas feio

As melhorias gráficas de Pro evolution Soccer são inegáveis, porém isso não significa dizer que o jogo é visualmente atraente. A iluminação está melhor do que nunca, bem como os efeitos climáticos, as animações dos jogadores e até mesmo a torcida. Todavia, os jogadores em sim estão horríveis.

É de se salientar o trabalho nas expressões dos atletas virtuais, mas no final, todos acabam parecendo verdadeiros zumbis. A coisa piora quando observamos os corpos dos jogadores, que mais uma vez parecem projetos de robótica com sérios problemas ortopédicos.

E no PlayStation 3 tudo fica ainda mais tenebroso, com um serrilhado aterrorizante, especialmente nos braços dos pobres jogadores. Além disso, ainda temos uma notável falta de definição nas camisas dos jogadores — principalmente na hora das cobranças de bola parada. O texto fica ilegível e a própria forma da camisa fica irregular, mesmo em televisões de alta definição de 55 polegadas.


Vale a pena?

Pro Evolution Soccer 2011 é inconstante. Na teoria o título é sem sombra de dúvida um avanço da série, são inúmeras melhorias e aperfeiçoamentos que mostram o empenho da Konami em retomar o sucesso da franquia.

Na prática, as coisas são diferentes. A impressão que fica é a de que PES 2011 é um retrocesso, de que o jogo é inferior ao seu predecessor. Isso acontece por vários motivos, mas principalmente por que o jogo “perdeu” a sua essência, aquele estilo arcade que tanto agradava aos fãs.

Mas nem tudo está perdido. As mudanças de PES 2011 indicam um esforço da Konami e revelam que a série está procurando o caminho certo. No final, parece que PES 2011 é uma espécie de “Beta” do que está por vir.

O jogo não agradará a todos, especialmente aos fãs mais ardorosos que estavam habituados com a dinâmica acelerada e levemente caótica que marcou a história da linha. PES 2011 é a edição mais distante do conceito original da franquia Winning Eleven e prova que a Konami está abandonando o estilo arcade.

No apagar das luzes percebemos que Pro Evolution Soccer 2011 é um bom jogo, mas não chega a fazer frente a FIFA 11 — principalmente agora que PES quer se transformar em um simulador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails